domingo, dezembro 30, 2007

Espirito natalício

Das duas uma, ou eu ando com dificuldades em me lembrar das pessoas a quem dou o meu número de telefone, o que é mau, ou há malta que adora enganar-se com o meu número. Tudo isto para dizer que por altura do Natal recebi uma sms muito sentida a desejar-me boas festas, só que duma rapariga que não conheço, ou que pelo menos não me lembro de, e agora pelo ano novo ela voltou à carga. Achei por bem responder-lhe, por simpatia e porque não gasto dinheiro com as sms.
Mas lá que é engraçado receber estas sms enganadas é, especialmente quando é algo do género "Desculpa fofinho! Amo-te muito!", como já me aconteceu. É que afinal de contas sabe sempre bem saber que alguém nos ama, apesar de não conhecer a pessoa em questão e de me tratar no masculino.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Uma História de Violência


O assassinato ontem de Benazir Bhutto, a primeira mulher a ser eleita para primeira-ministra num país muçulmano, é um rude golpe na tentativa de pacificar a situação no Paquistão, no entanto é apenas mais uma entrada na lista de mortes políticas importantes naquela zona.
Aliás, após a descolonização e consequente divisão da Índia Britânica no Paquistão e República da Índia, parece que quem pertença às dinastias políticas Bhutto e Nehru-Gandhi está destinado a morrer prematuramente.

Zulfikar Ali Bhutto, pai de Benazir e primeiro-ministro do Paquistão na altura, após o golpe de estado de General Zia em 1977 foi julgado com base em acusações de conspirar contra a vida de um oponente político. Foi condenado e executado em 1979.
Shahnawaz e Murtaza Bhutto envolveram-se activamente na tentativa de comutação da sentença do pai, o primeiro morreu no exílio em 1985 em circunstâncias dúbias, o segundo tornou-se opositor de Benazir quando esta estava no poder e foi assassinado em 1996.

Indira Gandhi, primeira-ministra da Índia durante quatro mandatos, foi assassinada em 1984 por dois guarda-costas sikhs na consequência da ordem de invasão do templo mais importante para aquela religião para eliminar um líder separatista.
O filho, Rajiv, assumiu o poder após a morte da mãe mas resignou-se do cargo quando sofreu uma derrota eleitoral. Foi assassinado em 1991 em plena campanha política por uma terrorista suícida.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Prendas de Natal

Uma das minhas prendas de Natal foi uma caixa de metal lindíssima com os 6 filmes mais importantes de Greta Garbo. Entre eles, "Queen Christina" com aquele beijo infame entre Garbo e Elizabeth Young, com direito a diálogo que não lá muito subtilmente implica que há mais entre a rainha e a aia. Isto em 1933...
E ah! Greta Garbo ficava a matar vestida de nobre do século XVII, com espada e tudo.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Lista de 2007

Como é da praxe, aqui fica a minha lista de canções favoritas deste ano. Requisito: terem tocado vezes e vezes sem conta de seguida sem que eu me fartasse.
Menção honrosa para "Archangel" de Burial, porque não consigo dizer que a adoro mas ao mesmo tempo dou sempre comigo a regressar a ela.

radiohead :: reckoner
klaxons :: golden skanks
amy winehouse :: back to black
arcade fire :: ocean of noise
bat for lashes :: horse and i
the killers :: shadowplay
tegan and sara :: nineteen
nelly furtado :: say it right
buraka som sistema feat. Petty :: yah!
rihanna :: umbrella

Vícios

Quando Karl Marx disse que a religião era o ópio do povo, ele queria dizer que a religião tem nas pessoas o mesmo efeito que uma substância estupefaciente causadora de dependência. No caso do cristianismo a substância usada para nos prender à doutrina é o Amor.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Apetecia-me algo...

Com o tempo cinzento e chuvoso que está lá fora, o que me apetecia mesmo era estar em casa de pijama, com uma caneca quente de cappuccino enquanto via na televisão o DVD de um qualquer filme a preto e branco. Até podia ser o "Grand Hotel" com a Greta Garbo a dizer com o ar mais desolado do mundo "I want to be alone".

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Resíduos

Um espaço fica sempre impregnado de resíduos memoriais de momentos que lá aconteceram, que transformam o modo como o passamos a sentir mas que não interferem com o presente. Mas algo de errado se passa quando esses resíduos transformam-se em espectros e ganham mais importância do que as pessoas com quem estamos no presente. É como às vezes não resisto, ao entrar numa perfumaria, ir directa a um certo perfume, vaporizá-lo para um daqueles papéis e cheirá-lo, simplesmente porque aquele odor consegue tornar certas memórias mais vividas.
Infelizmente, cada vez mais dou por mim rodeada de espectros e odores de memórias, o que significa que quem me rodeia no presente não me consegue provocar um sentimento de pertença. Sinto-me presa entre um passado que não consigo reproduzir e um presente que me não satifaz...

Pinturas


"Cozinha da Casa de Manhouce" - Amadeo de Souza-Cardoso

domingo, dezembro 09, 2007

Músicas

Eu bem que tentei desintoxicar-me das Tegan and Sara mas é impossível, não consigo resistir...

terça-feira, dezembro 04, 2007

Piada fácil

No Sporting parece que o que aconteceu a Vukcevic no jogo do passado domingo foi um ataque de pânico. Deve ter finalmente percebido em que belo clube se meteu...

domingo, dezembro 02, 2007

Bichinho p'ro Natal


Encomendei um GPS e já me estou a imaginar estas férias de verão sem medo de me perder pelas terras do Alentejo. Somente eu, um livro ou dois, um caderno para apontamentos e acima de tudo a desfrutar com calma o cenário.

He's lost control



Finalmente vi "Control" e uma das perguntas que me surgiram pouco depois do final foi, "será que alguém sem o mínimo conhecimento da banda seria capaz de gostar do filme?". Mas essa será uma questão injusta, afinal de contas quem não tem interesse na Máfia ou em épicos no deserto poderá gostar de "The Godfather" ou "Lawrence of Arabia"? No entanto, não é por isso que estes filmes deixam de ser obras maiores da sétima arte.

Quanto aos pontos fortes da película, vou ser directa, a fotografia de Martin Ruhe é algo de hipnoticamente belo. Com a luz sempre no sítio certo, o ambiente urbano capturado a preto e branco torna-se poético. Talvez seja essa a chave para se compreender Ian Curtis enquanto artista. A sua depressão, agudizada pela epilepsia mal medicada e a dificuldade em lidar com um casamento que se desmoronava, deu-lhe a paleta de cinzentos que tornava etéreo e visceral, através dos Joy Division, a confusão e impotência que o consumia. No entanto estas são conclusões a posteriori, porque o que Anton Corbijn nos mostra é um rapaz de vinte e poucos anos preso em decisões que tomou e as que tem de tomar.
Sam Riley é uma verdadeira revelação, ele faz-nos acreditar que ele é Ian Curtis. É certo que a isto não é imune a semelhança entre Riley e o cantor mas o modo como representa Curtis fora dos palcos sem controlo sobre o que o rodeia e depois Curtis no palco exorcizando os seus demónios, é algo que parece vindo de um actor com mais experiência. Samantha Morton tem pouco tempo de ecrã mas o que faz com esse pouco que lhe é dado é exemplar.
Uma das brilhantes decisões, se bem que não historicamente correcta, é a mudança de canção tocada ao vivo na primeira aparição televisiva dos Joy Division no programa de Tony Wilson. Em 1978 ouviu-se "Shadowplay" mas o que vemos no filme é "Transmission" tocada na realidade pelo elenco e o resultado é a cena mais arrepiante do filme. Isto enquadra-se na minha filosofia de que a arte deve contar mentiras se assim tornar a verdade mais nítida e "Transmission" para mim sempre foi a canção da banda em que mais claramente se ouve o grito de desespero de Ian Curtis.

Penso que o filme dificilmente terá apelo para o espectador em geral mas é tecnicamente notável e para quem gosta de música e dos Joy Division em particular é uma verdadeira pérola.



Sequência "Transmission" do filme