He's lost control
Finalmente vi "Control" e uma das perguntas que me surgiram pouco depois do final foi, "será que alguém sem o mínimo conhecimento da banda seria capaz de gostar do filme?". Mas essa será uma questão injusta, afinal de contas quem não tem interesse na Máfia ou em épicos no deserto poderá gostar de "The Godfather" ou "Lawrence of Arabia"? No entanto, não é por isso que estes filmes deixam de ser obras maiores da sétima arte.
Quanto aos pontos fortes da película, vou ser directa, a fotografia de Martin Ruhe é algo de hipnoticamente belo. Com a luz sempre no sítio certo, o ambiente urbano capturado a preto e branco torna-se poético. Talvez seja essa a chave para se compreender Ian Curtis enquanto artista. A sua depressão, agudizada pela epilepsia mal medicada e a dificuldade em lidar com um casamento que se desmoronava, deu-lhe a paleta de cinzentos que tornava etéreo e visceral, através dos Joy Division, a confusão e impotência que o consumia. No entanto estas são conclusões a posteriori, porque o que Anton Corbijn nos mostra é um rapaz de vinte e poucos anos preso em decisões que tomou e as que tem de tomar.
Sam Riley é uma verdadeira revelação, ele faz-nos acreditar que ele é Ian Curtis. É certo que a isto não é imune a semelhança entre Riley e o cantor mas o modo como representa Curtis fora dos palcos sem controlo sobre o que o rodeia e depois Curtis no palco exorcizando os seus demónios, é algo que parece vindo de um actor com mais experiência. Samantha Morton tem pouco tempo de ecrã mas o que faz com esse pouco que lhe é dado é exemplar.
Uma das brilhantes decisões, se bem que não historicamente correcta, é a mudança de canção tocada ao vivo na primeira aparição televisiva dos Joy Division no programa de Tony Wilson. Em 1978 ouviu-se "Shadowplay" mas o que vemos no filme é "Transmission" tocada na realidade pelo elenco e o resultado é a cena mais arrepiante do filme. Isto enquadra-se na minha filosofia de que a arte deve contar mentiras se assim tornar a verdade mais nítida e "Transmission" para mim sempre foi a canção da banda em que mais claramente se ouve o grito de desespero de Ian Curtis.
Penso que o filme dificilmente terá apelo para o espectador em geral mas é tecnicamente notável e para quem gosta de música e dos Joy Division em particular é uma verdadeira pérola.
Quanto aos pontos fortes da película, vou ser directa, a fotografia de Martin Ruhe é algo de hipnoticamente belo. Com a luz sempre no sítio certo, o ambiente urbano capturado a preto e branco torna-se poético. Talvez seja essa a chave para se compreender Ian Curtis enquanto artista. A sua depressão, agudizada pela epilepsia mal medicada e a dificuldade em lidar com um casamento que se desmoronava, deu-lhe a paleta de cinzentos que tornava etéreo e visceral, através dos Joy Division, a confusão e impotência que o consumia. No entanto estas são conclusões a posteriori, porque o que Anton Corbijn nos mostra é um rapaz de vinte e poucos anos preso em decisões que tomou e as que tem de tomar.
Sam Riley é uma verdadeira revelação, ele faz-nos acreditar que ele é Ian Curtis. É certo que a isto não é imune a semelhança entre Riley e o cantor mas o modo como representa Curtis fora dos palcos sem controlo sobre o que o rodeia e depois Curtis no palco exorcizando os seus demónios, é algo que parece vindo de um actor com mais experiência. Samantha Morton tem pouco tempo de ecrã mas o que faz com esse pouco que lhe é dado é exemplar.
Uma das brilhantes decisões, se bem que não historicamente correcta, é a mudança de canção tocada ao vivo na primeira aparição televisiva dos Joy Division no programa de Tony Wilson. Em 1978 ouviu-se "Shadowplay" mas o que vemos no filme é "Transmission" tocada na realidade pelo elenco e o resultado é a cena mais arrepiante do filme. Isto enquadra-se na minha filosofia de que a arte deve contar mentiras se assim tornar a verdade mais nítida e "Transmission" para mim sempre foi a canção da banda em que mais claramente se ouve o grito de desespero de Ian Curtis.
Penso que o filme dificilmente terá apelo para o espectador em geral mas é tecnicamente notável e para quem gosta de música e dos Joy Division em particular é uma verdadeira pérola.
Sequência "Transmission" do filme
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