quarta-feira, junho 29, 2005

O mestre Gabriel Alves

Estava eu a ver o jogo do Brasil contra a Argentina quando, no seu comentário final ao jogo, o Gabriel Alves produz mais uma brilhante pérola para o seu repertório:

"Hoje, o Brasil demonstrou que sem Ronaldo não só ganha jogos como também marca golos."

Duhhh! Aparentemente, para o senhor Gabriel Alves, pode-se ganhar jogos sem marcar qualquer golo...

Álbum do dia



Depois do espectacular "Statues" dos Moloko, Róisín Murphy volta agora a solo num álbum com produção de Matthew Herbert.
Talvez para alguns não muito acessível, os ritmos electrónicos, aparentemente dissonantes, tornam-se viciantes. Mas a cereja em cima do bolo é mesmo a voz de Murphy, hipnotizante e sensual quando canta "if we're in love we should make love".

T200

Não, não é o mais recente filme da saga Terminator. É o início das comemorações do bicentenário da batalha de Trafalgar e da morte do Almirante Nelson durante a mesma.

Horatio Nelson, o maior herói naval da Inglaterra, é o meu personagem histórico favorito. As suas proezas durante as batalhas fazem inveja ao Errol Flynn, Flynn nos seus filmes só abordava um navio, Nelson, durante a sua primeira grande vitória ao largo do cabo de S. Vicente (1797), abordou dois de seguida!
Com medo que este post fique enorme, porque eu adoro falar do Nelson (os meus pais já levaram uma lavagem ao cérebro tão grande que já ficaram interessados nele) deixo aqui o link da The Nelson Society, o melhor site que eu conheço que relata todos os pormenores da vida do almirante.




Para começar as comemorações, a rainha Elizabeth II passou revista a uma enorme frota internacional de 167 navios de 36 diferentes países, Portugal incluído. Foi sensacional ver aqueles navios todos mas mais ainda o facto de podermos assitir à junção do passado e do presente dos navios de guerra.

Pelo menos até o dia da batalha, 21 de Outubro, a memória de Lord Nelson estará bem viva nas festividades que irão decorrer.

segunda-feira, junho 27, 2005

Letras

Ethan
"In My Heart"


Love you with a feeling
Deep within my heart
You’re so true…

You know I’ve got the fever
For loving you too much
Feel like a fool

Stare at your reflection
As you walk away,
And leave the room
Heading for the stairway
Seen it all before
There's nothing new

The Toilet Photographer

Pois, foi o que já me chamaram.
Não sei explicar bem o que me atrai nas casas de banho, talvez porque seja um espaço privado e íntimo. Porque as coisas mais nojentas que o corpo humano consegue produzir são, geralmente, ali expelidas. Mas, por outro lado, também é um local de purificação quando nos lavamos. Para além disso, quando falamos de casas de banho públicas, às vezes pode ser o local mais privado que podemos encontrar, para chorar, ler mensagens estúpidas, ter sexo, em princípio o máximo que pode acontecer é aparecer alguém que tente abrir a porta para ver se está disponível.

quinta-feira, junho 23, 2005

Imagens



Eo, 22-6-2005

quarta-feira, junho 22, 2005

Notas Mentais

Não sei o que é isto mas tenho uma tendência para ler tudo menos o livro que de facto tenho na mesa de cabeceira! Desde que comecei a ler "A Pianista" já li uma edição da Taschen sobre o pintor Francis Bacon, "Portugal, Hoje: O Medo de Existir" de José Gil e estou quase a acabar o primeiro livro da série de Marion Zimmer Bradley, "As Brumas de Avalon".
Em resumo, se quero acabar um livro depressa, nunca o pôr na mesa de cabeceira!

domingo, junho 19, 2005

Álbum do dia



Depois do delírio José Malhoa a programação retoma o seu normal funcionamento.

O colectivo liderado por James Lavelle, UNKLE, cria neste álbum canções de dimensão épica mas que ao mesmo tempo poduzem uma atmosfera electrónica escura.
"In a State", "Invasion" e "Reign" são exemplos dos melhores momentos deste álbum.

Cinefilias



Um dos realizadores que mais gosto é David Lean. Admito que não vi todos os seus filmes mas o que vi em "Lawrence of Arabia", "Doctor Zhivago", "Oliver Twist" e "Great Expectations" tornou-o um dos meus favoritos.

Em "Oliver Twist" e "Great Expectations", as duas adaptações de livros de Charles Dickens que Lean fez, admiro o modo como ele cria a atmosfera perfeita. Em todas as adaptações de romances de Dickens que vi, exceptuando a maravilhosa produção da BBC de "David Copperfield" de 1999, é cometido sempre o erro de tratar a história como se fosse para crianças, é sempre enfatizado a aparência caricatural que Dickens dava às suas personagens. Lean pelo contrário, viu para além da superfície das personagens literárias. Nestes dois filmes vemos uma Londres escura, cheia de perigos, ambientes negros e personagens com motivações obscuras. Lean viu na perfeição o tom negro que Dickens pôs, de uma forma discreta, nos seus livros.
Depois vieram os épicos, a sua obra-prima, o magnífico "Lawrence of Arabia" e a seguir "Doctor Zhivago". "Lawrence of Arabia", para mim, é a absoluta definição de épico. Não é só o exterior majestoso do deserto, é também toda a complexidade da personagem interpretada por Peter O'Toole. Ao início temos um mero aficionado pela cultura árabe mas ao longo do filme vemos como Lawrence perde a sua inocência quando a pouco e pouco se deixa corromper pelo sucesso, levando-o a ilusões de imortalidade, e no final temos um Lawrence desiludido que se apercebe que o sonho perfeito só existia na sua cabeça e que a união entre as tribos árabes era impossível.
Uma das curiosidades do trabalho de David Lean é o facto de ter escolhido Alec Guinness para vários filmes, ele participa nos quatro filmes que mencionei.


"When the great actor says the line, you can put scissors precisely at the point A and it's wonderful. When the star says the line, you can hold for four frames longer because something else happens."

David Lean

sexta-feira, junho 17, 2005

O mega hit deste verão!

Esqueçam o "Daft Punk is Playing at my House" de LCD Soundsystem, esqueçam "Ruby Blue" de Róisín Murphy (a menina dos Moloko), "In My Heart" de Ethan, "Hold Tight London" de The Chemical Brothers ou o muito ansiado "Ooh La La" de Goldfrapp. Esqueçam Antony and the Johnsons e Bloc Party. O verdadeiro êxito deste ano é de José Malhoa, "Aperta, Aperta Com Ela"!


Não, não estou doida. Primeiro só ouvia isto duma pessoa, depois espalhou-se e já é demasiada gente a chatear-me com isto. Como não consigo ganhar-lhes, mais vale juntar-me a eles e rir um bocado...

"Toda a malta gritou, até o padre ajudou, aperta, aperta com ela!"

terça-feira, junho 14, 2005

Imagens



Sem Título
Eo, 14 - 6 - 2005

Álbum do dia



Finalmente ouvi o novo álbum dos The Chemical Brothers. Atraiu-me o single "Galvanize" mas descobri mais electrónica brilhante nas restantes faixas, especialmente em "Believe", com vocals de Kele Okereke dos Bloc Party, e no melodioso "Hold Tight London".

O futebol ensina!

Pergunta do concurso "Um Contra Todos":
A cidade de Malmö fica em que país?
- Suiça
- Suécia
- Islândia

- Suécia! - diz o meu pai imediatamente
- Deixa-me adivinhar, Malmö tem uma equipa de futebol que deve ter jogado contra o Benfica. - comento eu.
- Claro!

O egocentrismo da arte

Será possível alguém apreciar uma obra de arte sem egoísmo? O gostarmos de uma obra de arte parte dum conceito fundamental de egoísmo, só gostamos de algo se nos vemos retratados nela a algum nível. Um forte exemplo disto é o quadro de Munch, "O Grito". Não é considerado por muitos críticos o melhor quadro de autor mas é um dos mais populares e adorados pelo público em geral, porque representa algo que todos nós em algum ponto da nossa vida sentimos, um desejo enorme de gritar todos os nossos medos e ansiedades.


Edvard Munch, The Scream, 1893

Mesmo a obra em si só funciona se o autor for egocêntrico. Quanto mais egocêntrica mais intensa se torna a obra de arte, porque o autor está a representar uma realidade que vive em primeira mão. Estar a recriar uma situação que se vê mas que não se vive implica que haverá sempre um natural distanciamento que se nota na obra de arte tornando-a num objecto sensorial indiferente. Nesse ponto boicota-se a razão de existir arte, que é tocar o ser humano, quer provocando reacções de amor ou ódio. Pessoalmente não gosto de Rothko, sinto uma indignação de ser dado tanto valor a algo tão primário, mas nunca negaria às suas obras o título de arte, porque precisamente me fazem sentir algo.


Mark Rothko, Untitled [No.4], 1964

Por isso, definitivamente a arte é a expressão maior do génio humano, não porque retrata somente o que a humanidade tem de melhor mas porque representa o Homem na sua totalidade, especialmente no seu egoísmo que nasce do instinto primordial de conservação do indivíduo.

segunda-feira, junho 13, 2005

Pinturas



"Blood on the Floor" by Francis Bacon

domingo, junho 12, 2005

...

Estou numa fase em que não me apetece escrever nada aqui no blog, talvez porque não tenha nada de interessante para dizer, não sei. Talvez seja parte do meu instinto de auto-protecção, de fugir das pessoas e daí desligar-me do maior meio de comunicação que tenho em casa, a internet.

De qualquer modo, hoje não resisti a ligar o modem. Esta versão da música de Kylie Minogue por Tori Amos, dedicada à própria green fairy, que saquei do arjanwrites music blog é espectacular e tinha de a pôr aqui no meu cantinho cibernético.

sábado, junho 04, 2005

Histórias

Uma sala vazia e escura, é aqui que eu habito.
Tu andas lá fora na claridade mas quando te magoam, quando te fechas às pessoas é sempre para a minha sala negra que tu foges. Falas horas e horas sem fim do que te faz chorar e eu conheço de cor as tuas feridas, só a mim revelaste o teu coração e eu tratei de o curar o melhor que pude. Quantas vezes te vi contorcer no chão de desespero, querias sentir fisicamente a dor que te corroía por dentro, peguei no teu punho cerrado e fi-lo bater violentamente na parede. Os nós da tua mão incharam, podia-se ver o sangue que queria sair mas que não conseguia ultrapassar a tua pele, no entanto tu sentiste-te melhor. Disseste-me que olhavas frequentemente em espelhos à espera de que, nem que fosse por um breve momento, me pudesses amar mas que invariavelmente acabavas por me odiar ainda mais. Perguntei-te então, se me odiavas tanto, porque voltavas sempre para mim e tu respondeste-me que eu era a única coisa que tu tinhas.
Senti que a tua dor aumentava, estavas a ficar indiferente, querias deixar de sentir, querias poder arrancar o teu coração e deitá-lo fora, do que serve ter algo que só nos faz sofrer, perguntaste. Propus-te arrancar o teu órgão e concordaste. Peguei numa faca e espetei-a no teu peito, caíste imediatamente no chão junto aos meus pés. Cortei-te as costelas e arranquei o coração. Ergui a minha mão ensanguentada e olhei para o teu coração, de repente comecei a sentir que eu desaparecia lentamente e apercebi-me que o teu coração é a minha sala vazia e escura e eu sou a tua alma.

sexta-feira, junho 03, 2005

...

Odeio que escrevam a caneta em livros.
Adoro ficar com o cabelo molhado pela chuva.
Odeio que chamem soccer ao futebol.
Adoro honestidade.
Odeio que cuspam no chão.
Adoro dançar ao som de música house.
Odeio quando os homens deixam a sanita com salpicos de mijo.
Adoro conduzir em dias de calor ao pôr-de-sol.
Odeio...
Adoro...
...

Citações

"If you prick us, do we not bleed? If you tickle us, do we not laugh? If you poison us, do we not die? And if you wrong us, shall we not revenge?"

Shakespeare in "Merchant of Venice"

quarta-feira, junho 01, 2005

Uma noite para recordar



Uma noite para recordar foi o que Antony and the Johnsons ofereceram ontem.
Assim que as luzes da sala se apagaram, uma esgotada Aula Magna silenciou-se de expectativa. Primeiro entraram os The Johnsons, só passado alguns momentos entrou Antony, alto, com laivos de timidez e de mala ao ombro. Pelo modo espontâneo como as palmas rebentaram era fácil de ver que o público estava pronto para render-se. Sentou-se ao piano e começou por "My Lady Story". Confesso que tinha receio que a voz que me tinha extasiado, quando ouvi pela primeira vez o álbum, não tivesse o mesmo poder ao vivo mas enganei-me, é ainda mais sentida e bela.
As canções seguiram-se e era cada vez mais evidente que o público estava conquistado por completo. Antony, sempre simpático na interacção com a plateia, pôs-nos a cantar "Water and Dust". O resultado em termos musicais não foi dos melhores mas em termos de ligação entre o cantor e as pessoas foi um momento especial.
O cantor brindou-nos também com versões de músicas de Moondog, Leonard Cohen (nunca hei-de perceber porque gosto sempre mais das covers do que dos seus originais), Lou Reed e Nico. Estes dois últimos a estabelecerem, no concerto, a aura warholiana presente no álbum "I Am a Bird Now", que tem na capa Candy Darling, uma das estrelas da factory de Andy Warhol.
Para o fim ficou "Hope There's Someone". A emoção com que Antony a cantou é algo impossível de expressar em palavras mas o poder com que me atingiu foi tão forte que chorei. Quando terminou, a Aula Magna levantou-se para uma ovação estrondosa.
Tivemos encore e a noite encerrou com "Candy Says".

A solidão é um dos temas dominantes na sonoridade de Antony mas ontem ele não esteve só, nem ele nem nenhuma das pessoas da plateia. Estivemos todos unidos na melancolia sublime com que Antony nos presenteou.