Um quarto de século
Engraçado reparar onde cheguei. A minha infância foi passada numa casa a cair de podre, onde se chovia na rua também chovia lá dentro, a cozinha era uma cubículo sem janelas, havia formigas por todo o lado e se não caisse ratos pela chaminé já iamos com sorte. E agora aqui estou, licenciada, com carro próprio, prestes a trabalhar como engenheira e com um bom salário para início de carreira. Tudo sem até agora hipotecar aquilo em que acredito.
Também duvido que, apesar disso ser aquilo que mais quero, alguma vez venha a ter um porto seguro onde pertença. O facto de perder, não sei bem como, facilmente pessoas na minha vida dá azo a que não consiga criar raízes em lado algum. Pelo menos fica-me uma liberdade enorme. O passo seguinte é aprender a não me deixar amedrontar por essa liberdade, é que é muito mais assustador ter que decidir um caminho no meio de uma deserto amplo do que numa cidade com ruas já delineadas.
E entretanto fiquei curiosa, quando fizer 30 anos onde estarei? Será que a minha vida será muito diferente do que é agora? Será que serei viva?