Ganda Maluca!

É impressionante a energia que Patti Smith ainda mantém perto de completar 61 anos de idade! Qual sacerdotisa do rock punk, houve momentos em que ela enfeitiçou por completo o Coliseu de Lisboa com a sua declamação. Em canções, se a guitarra de Lenny Kaye induzia-nos a um estado psicadélico em que parecia que eramos transportados para um reino de sensações longe dali, logo de seguida ouvia-se a voz de Smith comandando a nossa atenção ali. O melhor exemplo disso foi quando a meio de "Are You Experienced?" ela, numa voz profunda, contou de como personagens se tinham encontrado e falado de São Jorge e de como ele tinha morto o dragão, de como Ulisses tinha viajado uma imensidade e fundado Lisboa. As referências a Lisboa e a Fernando Pessoa foram inúmeras revelando um desejo genuíno da cantora em cá estar.

O concerto começou com "Redondo Beach" do mítico álbum "Horses" e logo aí sentiu-se que o público presente no Coliseu tinha vindo em peregrinação predisposto a adorar este ícone da música rock. Estranhamente tinha sido colocado para o concerto cadeiras e lugares marcados, não foi portanto de admirar ver que essa ordem não iria continuar por muito tempo. Patti desceu do palco e a formalidade quebrou-se. Enquanto ela circulou demoradamente pelo meio do público, este pôs-se de pé para nunca mais se sentar. E quando noutra canção Lenny Kaye assumiu o papel de vocalista, Smith não hesitou em vir outra vez para o pé do público e saltar como qualquer um de nós. Não houve achaques de vedetismo, não houve Eu e Vocês mas sim um enorme Nós!
Escusado será dizer que os pontos de maior comunhão foram "Because the Night", "Gloria", "Rock n Roll Nigger" e um "Perfect Day" de Lou Reed que Smith dedicou a Lisboa. E houve ainda tempo para pôr um elemento do público na ordem com um veemente "Stick your head up your ass!", recebido com risos gerais.

O concerto demorou 2 horas acabando pouco depois das 0h de 29 de Outubro. Foi um modo perfeito de começar o meu dia de anos.

"Perfect Day" @ Coliseu dos Recreios

Era uma vez...

A vida troca-nos sempre as voltas. Na entrevista de que falei aqui no blog, disseram que se recebesse um telefonema, seria para me dizer que tinha sido aceite. Ora, recebi um telefonema sim, no qual me pediam para ir outra vez à empresa, o que eu não estava à espera é que fosse para me dizerem na cara que não tinha ficado com a vaga. É giro, fazem-me gastar dinheiro em gasolina e ir lá de propósito para me dizerem que fui recusada...
Fiquei bastante em baixo mas é nestas alturas que agradeço o facto de praticar futsal. Quando jogo parece que tudo o resto deixa de existir, problemas, ressentimentos, dúvidas esvanecem-se no ar. Aliás, olhando para trás, o futebol foi sempre a constante que me manteve à tona nos meus piores momentos emocionais. Não foi família ou amigos, nisso sempre fui bastante só, foi algo redondo que me dava um objectivo para sair da cama e enfrentar a rua. Isto pode parecer parvo mas quando se sente que estamos num poço fundo e escuro agarramo-nos a qualquer coisa que nos permita sair dali.

Entretanto, outro departamento da mesma empresa chamou-me também para outra entrevista, estou à espera da resposta. Para o bem ou para o mal, parece que não me consigo livrar do raio desta empresa!

Mas falando de coisas mais agradáveis, "recuperei" o álbum de Bat for Lashes que ameaçava ficar já esquecido numa pasta do Windows.
Acredito que às vezes não estamos preparados para vermos a beleza de algo. Nessas alturas em vez de desistirmos desse algo, importa mais dar-lhe tempo para amadurecer dentro de nós. Isto tudo para dizer que na primeira vez que ouvi "Fur and Gold" não liguei muito à canção "Horse and I". Dei-lhe outra oportunidade e nestes últimos dias tenho andado completamente vidrada nela! Parece que descobri um pedaço de uma lenda fantástica há muito perdida no tempo...

Músicas

Se eu tivesse de escolher um só fado, esta seria a minha escolha, "Alfama". O ambiente emocional com que nos envolve reproduz na perfeição o modo como sinto Lisboa.
Para mim esta é uma verdadeira pérola produzida por um trio magnífico, Amália, Alain Oulman e Ary dos Santos.

Mail not wanted!

No final da entrevista disseram-me que a resposta seria dada do seguinte modo, telefonema com proposta de contrato ou mail no caso de ser recusada.
Não sei explicar mas estou com um bad feeling e desde ontem que desenvolvi um medo terrível de fazer login na minha conta de e-mail e ver algo começado por "Lamentamos mas...".