Politiquices
Deixaram um comentário no meu anterior post sobre o aborto que eu achei por bem responder aqui.
Por breves palavras a ideia do comentário é que existe um paradoxo ontológico ao não se considerar o feto como um ser humano.
Sim, porque após o nascimento todos concordamos que estamos na presença de um ser humano.
Muito bem, e nesse momento o "orgão" sofre alguma "transformação"? Adquire vida? Muda alguma coisa?
O que está na barriga da Mulher é diferente do que aparece cá fora?"
Ora bem, a verdade é que acontece algo. O feto ao nascer começa a respirar por ele próprio entre outras coisas. O feto torna-se um ser autónomo e por consequência transforma-se metafisicamente num ser humano. Mas aliás, toda a nossa civilização é baseada nisso, até na religião o que se celebra é o nascimento de Jesus e não os meses de gestação de Maria.
De qualquer modo voltemos outra vez a uma questão importante, porque será que as pessoas contra o aborto negligenciam de modo quase insultuoso os problemas sociais que advêm do aborto clandestino? Mercados negros onde pessoas pouco escrupulosas enriquecem à conta do desespero de mulheres. Um comprimido de Misoprostol é vendido a 10€ quando uma caixa de 60 unidades custa à volta de 25€. Abortadeiras de ocasião sem formação médica que lucram porque não há mais ninguém a quem recorrer. E se o feto é um ser humano com direitos não o serão também todas as mulheres que morrem ou são presas por causa do aborto? Mas acima de tudo pergunto, se as pessoas contra o aborto são tão a favor do ser humano porque não acreditam no seu poder de decisão consciente? Ou não serão as suas opiniões mais do que uma manifestação decorrente da visão teológica de que as crianças são puras e os adultos todos pecadores e a necessitarem de serem conduzidos cegamente por um ser supremo?
Depois ainda o oiço o argumento mais descabido para se votar Não no referendo que é o facto de que o País precisa de se renovar, precisa de crianças. Quanto a esta questão proponho algo, o aborto passa a ser completamente ilegal e as famílias/mulheres que tenham gravidezes indesejadas entregam depois os filhos aos apoiantes do não ao aborto para os criarem. Aceitam? Não, claro que não e assim se apanha os falsos profetas que não se sacrificam pelas suas visões moralistas. É tão mais fácil ditar ordens e impor algo aos outros mas quando nos tocam as coisas mudam não é?
Dizem-se defensores da vida humana mas no fundo estão completamente desfasados dela, decidem tão facilmente como se fosse preto ou branco quando na realidade cada pessoa é uma história, é uma cor diferente. É preciso esforçarmo-nos para compreender o próximo porque só assim o poderemos ajudar. É preciso ouvir, verdadeiramente ouvir para que nas nossas palavras e acções o outro sinta a comunhão que oferecemos.
Eu amo a Vida e, apesar de ter poucas razões para isso, amo o ser humano. Quem já amou verdadeiramente irá concordar comigo que o altruísmo é um dos seus pilares. E o mais importante nisto tudo nem sequer é se eu sou contra ou a favor do aborto, o que importa é que porque eu a amo, eu respeito uma mulher que pondera um aborto, é porque a amo que a deixarei tomar a sua decisão, é porque a amo que estarei lá por ela quer aborte ou não. Impor visões, leis, filosofias aos outros não é amar o ser humano, é subjugá-lo à nossa possessão, é destruí-lo!
Por breves palavras a ideia do comentário é que existe um paradoxo ontológico ao não se considerar o feto como um ser humano.
Sim, porque após o nascimento todos concordamos que estamos na presença de um ser humano.
Muito bem, e nesse momento o "orgão" sofre alguma "transformação"? Adquire vida? Muda alguma coisa?
O que está na barriga da Mulher é diferente do que aparece cá fora?"
Ora bem, a verdade é que acontece algo. O feto ao nascer começa a respirar por ele próprio entre outras coisas. O feto torna-se um ser autónomo e por consequência transforma-se metafisicamente num ser humano. Mas aliás, toda a nossa civilização é baseada nisso, até na religião o que se celebra é o nascimento de Jesus e não os meses de gestação de Maria.
De qualquer modo voltemos outra vez a uma questão importante, porque será que as pessoas contra o aborto negligenciam de modo quase insultuoso os problemas sociais que advêm do aborto clandestino? Mercados negros onde pessoas pouco escrupulosas enriquecem à conta do desespero de mulheres. Um comprimido de Misoprostol é vendido a 10€ quando uma caixa de 60 unidades custa à volta de 25€. Abortadeiras de ocasião sem formação médica que lucram porque não há mais ninguém a quem recorrer. E se o feto é um ser humano com direitos não o serão também todas as mulheres que morrem ou são presas por causa do aborto? Mas acima de tudo pergunto, se as pessoas contra o aborto são tão a favor do ser humano porque não acreditam no seu poder de decisão consciente? Ou não serão as suas opiniões mais do que uma manifestação decorrente da visão teológica de que as crianças são puras e os adultos todos pecadores e a necessitarem de serem conduzidos cegamente por um ser supremo?
Depois ainda o oiço o argumento mais descabido para se votar Não no referendo que é o facto de que o País precisa de se renovar, precisa de crianças. Quanto a esta questão proponho algo, o aborto passa a ser completamente ilegal e as famílias/mulheres que tenham gravidezes indesejadas entregam depois os filhos aos apoiantes do não ao aborto para os criarem. Aceitam? Não, claro que não e assim se apanha os falsos profetas que não se sacrificam pelas suas visões moralistas. É tão mais fácil ditar ordens e impor algo aos outros mas quando nos tocam as coisas mudam não é?
Dizem-se defensores da vida humana mas no fundo estão completamente desfasados dela, decidem tão facilmente como se fosse preto ou branco quando na realidade cada pessoa é uma história, é uma cor diferente. É preciso esforçarmo-nos para compreender o próximo porque só assim o poderemos ajudar. É preciso ouvir, verdadeiramente ouvir para que nas nossas palavras e acções o outro sinta a comunhão que oferecemos.
Eu amo a Vida e, apesar de ter poucas razões para isso, amo o ser humano. Quem já amou verdadeiramente irá concordar comigo que o altruísmo é um dos seus pilares. E o mais importante nisto tudo nem sequer é se eu sou contra ou a favor do aborto, o que importa é que porque eu a amo, eu respeito uma mulher que pondera um aborto, é porque a amo que a deixarei tomar a sua decisão, é porque a amo que estarei lá por ela quer aborte ou não. Impor visões, leis, filosofias aos outros não é amar o ser humano, é subjugá-lo à nossa possessão, é destruí-lo!
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