V for Vendetta
Num futuro próximo, a América foi devastada por uma guerra e a Inglaterra para sobreviver deu poder a um regime totalitário, este é o cenário de "V for Vendetta".
Em filmes centrados em regimes ditaturiais há sempre algo que é imediatamente estabelecido pelo cineasta, a cruel dureza da opressão exercida pelo estado. Neste filme, pelo contrário, tirando o recolher obrigatório imposto, tudo nesta sociedade parece normal, quase que se diria que não existe ditadura. Primeiro pensei que fosse uma falha do filme mas depois apercebi-me que era essa exactamente a intenção. Num tempo de crise a população de livre vontade abdicou da sua liberdade em troca de uma falsa sensação de segurança, através da erradicação da diferença de que tem tanto medo. Esta é uma sociedade onde os homossexuais são perseguidos e mortos, onde não existe a multiculturalidade da Inglaterra de hoje, não existem rostos negros ou asiáticos. É sempre mais fácil lutar contra um regime que nos bate porque o reconhecemos como hostil do que um regime que nos vai roubando a nossa individualidade a pouco e pouco enquanto nos adormece. É aqui que aparece V. Sempre com a máscara de Guy Fawkes, um dos conspiradores que visava acabar com a monarquia de Jaime I em 1605. A personagem de V é delineada da de Edmond Dantès da obra de Alexandre Dumas, "Le Conte du Monte Cristo", um homem que consegue escapar da prisão onde estava encarcerado para se vingar dos seus inimigos. V quer acordar o povo para a liberdade mas em última análise, tal como Dantès, é o veneno da vingança que o move e ele sabe que uma vez alcançado o seu objectivo a sua vida perde significado. Parodoxalmente, V acaba por não ter a maioria do tempo do filme, a linha narrativa segue antes a história de Evey, porque esta é a personagem do conflito. Evey era mais uma na multidão dominada pelo medo até conhecer V e só quando este lhe revela o que despoletou a sua vingança, Evey consegue libertar-se. Um simples pedaço de papel que V encontrou na prisão, um rectângulo de papel e nele toda a integridade. Escrito por outra presa, Valerie, que recusou-se a entregar-se ao medo e perder assim a sua identidade, que continuou a amar a mulher da sua vida.
Este filme revela como a nossa sociedade pode ser amanhã, focando-se em temas actuais como o terrorismo ou a homofobia. Simbólica a escolha de V pela "1812 Overture" de Tchaikovsky como tema musical para a espectacular explosão do parlamento. Tchaikovsky, que era homossexual, cometeu suicídio para esconder a sua sexualidade, é como se V quisesse vingar todos os perseguidos pela sua diferença.
Em filmes centrados em regimes ditaturiais há sempre algo que é imediatamente estabelecido pelo cineasta, a cruel dureza da opressão exercida pelo estado. Neste filme, pelo contrário, tirando o recolher obrigatório imposto, tudo nesta sociedade parece normal, quase que se diria que não existe ditadura. Primeiro pensei que fosse uma falha do filme mas depois apercebi-me que era essa exactamente a intenção. Num tempo de crise a população de livre vontade abdicou da sua liberdade em troca de uma falsa sensação de segurança, através da erradicação da diferença de que tem tanto medo. Esta é uma sociedade onde os homossexuais são perseguidos e mortos, onde não existe a multiculturalidade da Inglaterra de hoje, não existem rostos negros ou asiáticos. É sempre mais fácil lutar contra um regime que nos bate porque o reconhecemos como hostil do que um regime que nos vai roubando a nossa individualidade a pouco e pouco enquanto nos adormece. É aqui que aparece V. Sempre com a máscara de Guy Fawkes, um dos conspiradores que visava acabar com a monarquia de Jaime I em 1605. A personagem de V é delineada da de Edmond Dantès da obra de Alexandre Dumas, "Le Conte du Monte Cristo", um homem que consegue escapar da prisão onde estava encarcerado para se vingar dos seus inimigos. V quer acordar o povo para a liberdade mas em última análise, tal como Dantès, é o veneno da vingança que o move e ele sabe que uma vez alcançado o seu objectivo a sua vida perde significado. Parodoxalmente, V acaba por não ter a maioria do tempo do filme, a linha narrativa segue antes a história de Evey, porque esta é a personagem do conflito. Evey era mais uma na multidão dominada pelo medo até conhecer V e só quando este lhe revela o que despoletou a sua vingança, Evey consegue libertar-se. Um simples pedaço de papel que V encontrou na prisão, um rectângulo de papel e nele toda a integridade. Escrito por outra presa, Valerie, que recusou-se a entregar-se ao medo e perder assim a sua identidade, que continuou a amar a mulher da sua vida.
Este filme revela como a nossa sociedade pode ser amanhã, focando-se em temas actuais como o terrorismo ou a homofobia. Simbólica a escolha de V pela "1812 Overture" de Tchaikovsky como tema musical para a espectacular explosão do parlamento. Tchaikovsky, que era homossexual, cometeu suicídio para esconder a sua sexualidade, é como se V quisesse vingar todos os perseguidos pela sua diferença.
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