quarta-feira, setembro 21, 2005

Elitismos

"Francamente, é um conceito de imprensa que não me faz grande sentido. Nunca aprofundei a questão o suficiente para ter opinião formada: não conheço nenhuma publicação gratuita. Nem no tempo de O Século gratuito. Cresci com o hábito de comprar jornais. Acho que um jornal é um contrato entre jornalistas e o público e, por isso, tem que ser bilateral: o jornal tem de ser comprado pelo leitor para que exista um compromisso mútuo e este tenha o direito de exigir mais e melhor ao que lê."

Diz Miguel Sousa Tavares no e sobre o "Destak".
À primeira leitura fiquei surpreendida por Sousa Tavares estar com um discurso arrogante e intransigente sem ser por causa dessa instituição de futebol maldita cujo nome não deve ser pronunciado mas que começa por B, acaba em A e pelo meio tem a letra F. Depois fiquei um pouco revoltada por esta expressão de elitismo, é como que algo que seja gratuito e popular não possa ser, no mínimo, interessante.
É verdade que os jornais gratuitos "Destak" e "Metro" não primam pela sua elevada qualidade. Não têm artigos de grande profundidade, as noticias não são muito desenvolvidas e muitas vezes a gramática também não é das melhores. Mas é inegável que pôs as pessoas a lerem algo logo pela manhã, pessoas que, na sua maioria, normalmente nunca comprariam um jornal. Penso que o contributo mais importante destas publicações é criar uma rotina de leitura, com essa rotina, muitas das vezes, virá uma necessidade ou talvez curiosidade em comprar um dos jornais ditos de referência.
Mas não, para Miguel Sousa Tavares estes jornais não fazem sentido, não conhece nenhum deles e não lhe interessa saber. Talvez seja melhor um "24 Horas", sempre é pago...