quarta-feira, abril 20, 2005

And the winner is...

... Joseph Ratzinger!



Estava a ler no Diário de Notícias online um artigo sobre o novo papa e o texto começava assim:

"Inteligente, frio, muito culto. Toca piano com algum talento, tem uma preferência pelas sonatas de Beethoven e pensou em jovem dedicar-se à pintura. Joseph Ratzinger, 78 anos, desde ontem o oitavo Sumo Pontífice germânico, é um teólogo brilhante desde a juventude, visto como rebelde nos anos 60, assumido guardião da fé mais conservador a partir da década de 80."

Aliás, o texto é todo muito elogioso (no DN também não estava à espera de outra coisa) e factos como tendo pertencido à juventude hitleriana e mais tarde ter-se alistado no exército do 3º reich são considerados meros pormenores.
Penso que esta directa ligação ao regime de Hitler não quer dizer algo em si, acredito que muitos alemães tenham feito o mesmo na altura, não por serem nazis, mas por causa de um forte sentido de dever para com o seu país, ou mesmo por obrigação. No entanto, quando juntamos estes factos à posição ultra-conservadora e a declarações como "A homossexualidade é uma depravação e uma ameaça à família e à estabilidade da sociedade" começo a achar que a Igreja está a entrar em completo desespero. Sim, porque a escolha de Ratzinger para papa revela um abandonar descarado da máscara de bondade e martirio que a Igreja tinha adoptado com João Paulo II, para assumir a verdadeira essência do pensamento dominante dentro da instituição, uma extrema-direita egocêntrica.

Mas no final de contas até estou contente, porque a Igreja arranjou coragem e saiu do armário. Agora, finalmente, vemos a sua verdadeira face.