Uma questão de abertura de pernas
Hoje, quando li a revista Pública, vi um artigo que falava da sexualidade nas fotos de Terry Richardson para a campanha de primavera/verão da Sisley. A ilustrar o texto vinha algumas fotos da campanha e ao olhar para elas, só numa única foto senti essa sensação de porn-chic, a foto em que a modelo tem as pernas ostensivamente abertas. O facto de se estar com as pernas abertas confere à foto uma carga erótica enorme porque, apesar de estar vestida, é como se a modelo não tivesse nada a esconder sexualmente. É uma pose que provoca a moral conservadora que insiste em considerar o sexo como algo sujo e que deve ser escondido.
Isto fez-me pensar que talvez aja alguma relação entre o ângulo de abertura de pernas quando uma pessoa se senta e o modo como a pessoa encara o sexo. Neste sentido, sempre notei que os homens em geral abrem sempre muito mais as pernas do que seria o normal, e as mulheres, mesmo que não usem saia, têm a tendência para fechar as pernas. Será que isto é um reflexo inconsciente do modo como a sociedade permite maior liberdade sexual ao homem do que à mulher? Sou tentada a pensar que sim, até porque vejo cada vez mais mulheres que, ao sentarem-se, adoptam uma posição de pernas normal como que a revelar uma postural natural em relação ao sexo, sem medos ou complexos.
Esta evolução tem lógica no sentido em que até há algumas décadas atrás a sociedade machista não considerava possível (ou não tolerava) a mulher sentir prazer e realização numa relação sexual. Daí o facto de a mulher fechar mais as pernas numa atitude de pudor que seria mais bem vista pela comunidade. No entanto a partir dos anos 60, com a revolução sexual, a mulher começou a reivindicar o seu direito de igualdade sexual e o facto de cada vez mais ter uma abertura de pernas natural revela a emancipação sexual feminina.
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