sábado, fevereiro 19, 2005

Depois de mais uma tarde a trabalhar no meu trabalho final de curso, como ainda era cedo e não me apetecia ir já para casa, fui passear um pouco ao jardim da Gulbenkian e aproveitar os ainda pouco quentes raios de sol.

Ia sem rumo e, não sei bem como, dei comigo a entrar no edifício da fundação e a visitar duas exposições que lá estão, "Das Esquinas do Olhar - Arte da Diáspora Africana Contemporânea" e "Metamorfoses" de Eduardo Nery.
Comecei por ver as fotografias de Eduardo Nery. As obras consistem em fotografias de dupla exposição, uma mistura de caras humanas com máscaras africanas. Algumas pareceram-me grotescamente belas, lembrando-me as pinturas de Francis Bacon, outras imagens trouxeram-me à cabeça filmes, como "Frida" (a máscara parecia aqueles esqueletos típicos do México), "The Silence of the Lambs" (a junção da máscara com a cara era exactamente o Hannibal Lecter com o açaime!) ou o robot de "Metropolis". O lado chato foi o facto de ser a única pessoa na sala e o segurança estar sempre a perseguir-me. De qualquer modo, a nota mental a retirar desta exposição é que acho que ando a ver demasiados filmes...

A exposição seguinte, "Das Esquinas do Olhar", é um conjunto de várias peças de artistas africanos que vivem ou nasceram fora de África. 3 obras chamaram-me a atenção porque reconheci na mulher retratada a Josephine Baker, uma americana que nos anos 20 mudou-se para Paris, tornando-se um sucesso. Uma das imagens de marca dela era dançar só com uma espécie de saia feita com bananas, se repararem no início do filme "Les Triplettes de Belleville" está lá uma caricatura dela (lá estou eu outra vez com os filmes!). Gostei também de uma foto-montagem de Ingrid Mwangi, aproveitando uma foto de propaganda nazi.



E para terminar, a instalação que pôs-me a rir. Uma quantidade de objectos todos enrolados em fita de plástico vermelha e branca. Reparei em alguns globos terrestres, estátuas hindus, máscaras africanas e um enorme cristo crucificado e pensei que a mensagem da obra seria algo muito sério, sobre a multiplicidade das religiões no mundo ou algo do género, quando de repente começo a olhar melhor para uma estátua quase em tamanho real e não é que era a Lara Croft de arma em punho no meio de todos aqueles símbolos religiosos!?