quarta-feira, dezembro 29, 2004

"Eu arrependo-me por que senão EU vou parar ao inferno" em vez de "eu arrependo-me porque magoei o OUTRO".
Com o conceito de inferno, tão querido à igreja católica, até o arrependimento é egoísta.
Estou farta de ver pessoas que fazem mal a outras e depois vão à igreja para pedir perdão a Deus, essas pessoas deviam era pedir perdão a quem magoaram.

Mas o facto de estas coisas cada vez me revoltarem mais tem uma razão, perdi a fé na igreja católica há muito e começo a desacreditar na existência de deus.
Quantas noites passei eu a perguntar a deus porque é que estas coisas me aconteciam, se eu nunca tinha feito mal a estas pessoas porque é que elas me magoavam e ele nunca me respondeu. A única voz que ouvi, que me fez levantar cada vez que caí, que tratou de tentar sarar as minhas feridas o melhor que sabia era a minha. Tentei encontrar deus mas quem encontrei foi eu.
Cada vez acredito mais que não foi deus quem nos criou mas sim nós que criamos ele. Da nossa necessidade de termos um pai/mãe que olhe por nós, que tome conta de nós, da dor insuportável da solidão criámos este conceito de uma entidade invisível que nos acompanha. Nesse sentido não tenho nada contra o conceito de deus, mas num mundo onde a dor, abandono e tristeza é tão grande este conceito tornou-se uma arma perigosa nas mãos erradas. Pessoas com carências grandes agarram-se à primeira pessoa que lhes dê a mão e não veem, ou nao querem ver, os motivos que, por vezes, se escondem por detrás de tanto "altruísmo".
Não, eu não acredito em deus. Nós fazemos parte da natureza e como tal pertencemos a este ciclo, nascer, viver e morrer, não há mais nada para além disto. Não podemos fazer nada quanto ao nascer e morrer mas temos o poder de decidir como vamos viver e cabe unicamente a nós decidir se cedemos à facilidade da violência, ódio e intolerância ou antes elevámo-nos de modo a atingirmos a paz dentro de nós e com os outros.