domingo, setembro 26, 2004

Vozes - Beth Gibbons



Desde dos tempos dos Portishead, Beth Gibbons sempre me intrigou.
Por entre o trip-hop noir do grupo, sobrepondo-se aos sons electrónicos, estava sempre aquela voz cantando solidão e depressão. Depois há esta aura de mistério à volta dela, quase nunca dá entrevistas, vive na sua quinta em Inglaterra donde raramente sai (os vocals de cada canção dos Portishead eram gravados num estúdio que ela tem na quinta e que depois mandava para os restantes membros da banda), ao contrário de muitas cantoras no mercado ela aparece sempre vestida como qualquer pessoa no dia a dia, muito natural e depois sempre a nicotina. No concerto gravado dos Portishead em Roseland, New York, por entre canções, o ritual de acender um cigarro com o fumo a elevar-se e a rodeá-la. Mesmo a cantar o vicio é mais forte e durante letras melancólicas vê-se o cigarro a consumir-se lentamente por entre os seus dedos. Depois de se expressar tão profundamente pelas melodias do grupo aquela modéstia, quase timidez no final do concerto.
Definitivamente Beth Gibbons não é mais uma cantora, ela é diferente. Nota-se que o que importa para ela é a música e não o espalhafato promocional à volta dela.