sexta-feira, setembro 24, 2004

Crime e Castigo

Foi com surpresa que ouvi nas notícias que a Joana, a rapariga de Figueira que tinha desaparecido, tinha sido alegadamente morta pela própria mãe e o tio.
Ainda há poucos dias atrás a mãe apareceu em vários programas de tv a mostrar-se consternada porque a filha tinha desaparecido e a querer saber do seu paradeiro. A provar-se verdadeira a culpa da mãe, isto faz-me pensar, como é possível pessoas cometerem homicídio e depois falarem aos meios de comunicação com uma calma aparente enorme? Será que são pessoas intrinsecamente más, com valores corrompidos ou simplesmente não têm consciência dos seus actos?

Tenho ouvido pessoas na rua falarem que estas pessoas merecem a pena de morte, que toda a gente que mata devia morrer. Penso que um castigo assim tão grande não deve ser atribuído levianamente e depois a justiça é cega e poderá haver casos em que se condene inocentes. E não é só isso, ainda há a questão de que não será possível homicidas redimirem-se?
Ainda há pouco tempo li "Crime e Castigo" de Dostoyevsky. No livro a personagem principal comete homicídio premeditado mas a consciência é mais forte e ele vive num inferno pessoal até atingir a redenção. Eu sei que não passa de um livro mas a situação pode acontecer. No entanto se a redenção é possível como saber então os que valem a pena serem salvos da pena de morte e os que não? E será que a responsabilidade de decidir entre a vida e a morte de outrém deve recair noutro ser humano? Não se estará a perpétuar, de modo indirecto, o crime de matar?
Nunca passei pela situação de ter uma pessoa querida assassinada, se tivesse talvez fosse totalmente a favor da pena de morte mas se queremos que o ciclo de violência e morte acabe isso tem de começar por algum lado e que melhor sítio do que nós próprios?